Pó enamorado: E as Montanhas Ecoaram, Khaled Hosseini

Khaled Hosseini retratou o amor filial   e o Afeganistão  e arrasou as tabelas. Outono de 1952, Afeganistão. Na aldeia isolada de Shadbagh, ...

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Helena Vasconcelos | Humilhação e Glória




No final do século XIX, Emily Dickinson escrevia, na sua tão particular sintaxe e pontuação: «Não sou Ninguém! Quem és?/ És tu - Ninguém - Também?/ Há, pois, um par de nós?/ Não fales! Não vão eles - contar!// Que horror - o ser - Alguém!/ Que vulgar - como Rã -/ Passar o Junho todo - a anunciar o nome -/ A Charco de pasmar!» (tradução de Ana Luísa Amaral) A poeta, a partir dos 36 anos enclausurada por vontade própria na casa da família, sempre vestida de branco, anotando poemas perenes em cadernos manufacturados, como uma aranha que tece a teia em silêncio, é um dos símbolos mais veementes da complexa história da afirmação das mulheres. Após referir o sadomasoquismo que a filósofa Camille Paglia atribui a Dickinson, a crítica literária Helena Vasconcelos defende que «bizarras formas de estar – tão difíceis de compreender à luz dos hábitos contemporâneos» como a da poeta norte-americana representam ainda «a luta titânica das mulheres, dilaceradas entre o desejo de transcenderem as limitações do (seu) género e o medo ancestral de se tornarem párias, abandonadas à sua sorte e para sempre ostracizadas, num espaço social que apenas lhes oferece proteção se elas se comportarem de acordo com as normas ditadas pela (sua) “natureza”». É a essa luta das mulheres entre Humilhação e Glória que Helena Vasconcelos dedica o ensaio homónimo: um roteiro muito pessoal por múltiplas figuras femininas ocidentais, várias delas portuguesas, que determinaram a conquista, por fim, do «Tempo das Mulheres» no século XX.
Mais do que um ensaio de «estudos femininos» (aos quais é dedicado um capítulo), Humilhação e Glória é uma digressão intelectual muito mastigada e bem documentada por um tema há vários anos privilegiado pela autora, o que lhe dá uma cativante dimensão de intimidade. É através de um vasto percurso literário que Helena Vasconcelos, também uma grande promotora da leitura, nos faz entrar por dentro de uma história particular da expressão das mulheres na literatura, na política, na ciências, nas artes plásticas ou, tão somente, pela particularidade do seu corpo. Repleto de remissões, figuras, ligações, histórias e detalhes, Humilhação e Glória exalta o ensaio literário de autor, género infelizmente escasso em Portugal.oria﷽﷽﷽﷽﷽﷽rar  e grande promotora da leitura,  da s intimista.sex) "lhes oferece proteç_________________________________________ória da expressão

Humilhação e Glória, Helena Vasconcelos, Quetzal, 328 págs.
SOL/ 03-02-2012

© Filipa Melo (interdita reprodução integral sem autorização prévia)